sexta-feira, 14 de junho de 2013

Urbanismo Real

Favelas e loteamentos clandestinos em São Paulo

Questões com a temática da expansão do tecido urbano por loteamentos clandestinos, irregulares e por invasões de terras é recorrente entre os urbanistas. 

Uma das principais características da dinâmica sócio territorial nas metrópoles é o conflito na ocupação e uso do solo urbano. A precariedade do habitat urbano, demonstrada também pelos loteamentos irregulares, espacializa uma das expressões desse conflito. Um maior conhecimento desse fenômeno urbano pode conduzir a políticas mais eficazes de uso do solo, com impacto positivo na diminuição da pobreza e possíveis repercussões no aumento de produtividade da economia.

É bastante usual a confusão entre conceitos jurídico e urbanisticamente distintos tais como: loteamentos clandestinos, favelas e loteamentos irregulares. Consideram-se clandestinos aqueles que não obtiveram nenhuma aprovação por parte do poder público municipal. 

Já as favelas são fruto de invasão, coletiva ou gradual. Atualmente, em muitas favelas existe comercialização da terra. Nas invasões programadas, não raro a terra invadida é parcelada. Embora a resultante física seja similar, como o processo inicial das favelas foi de invasão, não se pode confundir com loteamento clandestino. 

O loteamento clandestino não raro é fruto da ação de um loteador inescrupuloso, pois seus lotes não são invadidos, e sim comercializados e este caso merece especial atenção, pois na história dos loteamentos clandestinos a história mostra que eles têm sido tolerados e depois anistiados, sem cobrar dos loteadores a infraestrutura que devem ao município e aos moradores. Obras são executadas pelo poder público, que acabam beneficiando o loteador, permitindo a valorização dos lotes remanescentes, mas até que que consigam essas benfeitorias os moradores percorrem um longo e penoso caminho emaranhados na legislação e na burocracia dos municípios. Sem dúvida, uma política urbanística eficiente deve impedir que esse processo continue, garantindo que a produção da cidade se faça de forma adequada.

Em tempos onde o foco se tornou a preservação do meio ambiente e as questões pertinentes a sustentabilidade, problemas surgidos antes da década de 40 ainda fazem parte da rotina de parcelamento do solo e mostram a ineficiência administrativa para solução, ou pelo menos, diminuição do problema.

Em 1981, a Prefeitura do Município de São Paulo, levantou processos relativos a 3.567 loteamentos irregulares e clandestinos, cuja superfície total correspondia a 23% do município;

Atualmente, os números são de 3.142 loteamentos, sendo 19% da área do município, de acordo com a Prefeitura do Município de São Paulo, através dos dados divulgados pela Secretaria de Habitação. Além de 1.087 cortiços espalhados pela capital paulista com condições precárias de habitabilidade. 

O processo de regularização dos loteamentos é moroso, e continuará "naufragando" diante da impossibilidade de contenção do problema, evitando que novas áreas sejam invadidas e novos loteamentos ilegais criados, por ineficiência na fiscalização, pelo alto deficit habitacional e, principalmente, pelo modelo socioeconômico existente, distribuição de renda e o preço da terra.

A urbanização de favelas e loteamentos é uma solução viável, que busca melhorias em todos os aspectos, proporcionando qualidade de vida, condições de salubridade, preservação do meio ambiente e a incorporação do espaço à cidade, um urbanismo real.

Para ler a respeito:

Um século de favela
 Alba Zalua e Marcos Alvito
Cidade ilegal
de Márcio Valença


Fonte de pesquisa:

LOTEAMENTOS IRREGULARES NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO: UMA AVALIAÇÃO ESPACIAL URBANÍSTICA por Suzano Pasternak - arquiteta, mestre e doutora em Saúde Pública.
Secretaria de Habitação do Município de São Paulo em http://www.habisp.inf.br





segunda-feira, 10 de junho de 2013

VIDROS E PÁSSAROS NA ARQUITETURA

O vidro ocupa um lugar de destaque na arquitetura contemporânea devido uma série de fatores.
As intempéries naturais como a chuva, maresia e ventanias, além da poeira, por si só já justificam a existência desse produto tão atual e necessário. Questões como iluminação natural, conforto termo acústico, a integração do ambiente interno com o exterior da edificação e a beleza, também são importantes na definição de um projeto e da utilização dos fechamentos de vidro.

No entanto, algumas questões devem ser consideradas na elaboração do projeto, para evitar inconvenientes, pois, quanto mais envidraçadas as fachadas, maior a incidência de luz e calor solar no interior das edificações. Caso os raios solares não sejam barrados, certamente o edifício será um grande consumidor da energia que aciona o sistema de ar condicionado, além de gerar desconforto ambiental aos seus usuários.

Um grande problema que também deve ser considerado na elaboração do projeto, é a questão dos pássaros que colidem com as vidraças, fato que ocorre não somente nas zonas rurais, mas também nas áreas urbanas, de todo o mundo. Não adianta nos preocuparmos com questões como economia de energia elétrica, iluminação natural e sustentabilidade, se não pensarmos no meio ambiente como um conjunto de fatores a serem preservados.

Só nos Estados Unidos, estima-se que até 1 bilhão de aves morre a cada ano, em decorrência de colisões com vidros.
Desde o ano passado (2012), está em fase de análise um projeto cujas diretrizes impõem um novo olhar sobre o problema da fauna e tornará obrigatória a questão para os projetos candidatos ao LEED de construção sustentável.

Os pássaros não conseguem distinguir painéis de vidro transparente ou reflexivo, então é importante considerar, durante a fase de projeto, que os fechamentos de vidro possuam guarnições, molduras ou segmentos que funcionem como uma barreira visual, evitando assim a morte dos pássaros. Adesivos, persianas ou até mesmo floreiras podem ajudar a evitar os acidentes.


Em algumas cidades do Brasil, o IBAMA observa de perto a questão e exige a colocação de sinalizadores nas áreas envidraçadas, mas nada oficial consta ainda na legislação das cidades, cabendo então aos profissionais de arquitetura a consciência ao elaborar projetos, visando a perfeita conjunção do ambiente construído com a natureza em toda sua totalidade.



Algumas dicas:

- Evite vidros translúcidos ou espelhados, estes últimos refletem a paisagem de fora confundindo os pássaros;
- Dê preferencia aos vidros pigmentados, coloridos ou escurecidos, pois possibilitam que os pássaros os vejam claramente;
- No caso de vidros planos e incolores, pode-se utilizar o Insulfilme ou outros revestimentos que eliminam reflexões;
- Fitas sinalizadoras (como as usadas nas portas de vidro para evitar que pessoas se machuquem) 
- Faixas de vidro jateado também contribuem como sinalizadores;
- Adesivos com formas de aves de rapina;
- Na janelas utilize as telas, cortinas persianas;
- Mudança na angulação da fixação do vidro;
- Não deixar visíveis coisas que atraiam pássaros como: comida, água, plantas, etc;
- Evitar que os condomínios troquem as grades por muros de vidro. Caso seja inevitável, observe as opções acima.


Fonte de pesquisa:

Veja também: