quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Morte e Vida de Grandes Cidades - Um clássico


Morte e Vida de Grandes Cidades é uma leitura formidável, mas, bastante ácida, repleta de críticas e observações sobre o funcionamento das grandes cidades, apresentadas numa prosa clara e direta. Entretanto, não é preciso ser economista para perceber que as observações de Jacobs sobre as virtudes de ruas generosas e vizinhanças diversas abordam pouco aquilo que realmente matava as grandes cidades americanas na metade do século passado: a perda de sua base produtiva.
A mensagem de Jacobs é simples: uma cidade, e portanto uma sociedade, vive e morre de acordo com sua capacidade de construir um ambiente criativo por e para seus cidadãos. Argumento que pode ajudar a decifrar um enigma: Nova Iorque, que 40 anos atrás ia em direção à bancarrota enquanto o resto da nação prosperava, agora prospera enquanto o resto da nação vai para o buraco. Há muitas razões por trás disso, mas quem estiver atrás de uma boa explicação para o renascimento milagroso de Nova Iorque faria bem em ler Jane Jacobs.

Nascida em 1916 e criada na Pensilvânia, Jacobs mudou-se para Nova Iorque nos anos 30. Sem formação em planejamento urbano, ela se destacou na política nova-iorquina graças a seu trabalho na liderança do bairro, opondo-se ao conhecido planejador Robert Moses, que queria construir uma via expressa de 10 pistas sobre Manhattan, um projeto que, se construído, teria arrasado os bairros Little Italy e Soho. Robert Moses é mencionado somente de passagem nos livros de Jacobs, mas eles são uma contraposição explícita a sua visão de cidade. Moses e arquitetos com pensamentos similares, como Mies van der Rohe e Le Corbusier, queriam limpar as cidades, substituindo cortiços por grandes complexos residenciais circundados por parques e grandes avenidas. Na prática, isso significava demolir bairros inteiros e amontoar milhares de pessoas pobres em edifícios que logo se tornariam locais inseguros e marginalizados.

O primeiro grande insight de Jacobs foi perceber que as cidades não são máquinas para se viver, mas organismos vivos. Futuros planejadores, dizia, devem pensar as cidades em sua complexidade. Mas, se uma cidade é um ser vivo, ela também pode morrer, e o segundo grande insight de Jacobs foi perceber que cidades são espécies que se autopropagam. Injetar dinheiro indiscriminadamente em uma cidade é como enfiar um tubo de alimentação goela abaixo de um doente terminal: pode impedir que ele morra, mas dificilmente vai ajudá-lo a se levantar da cama. A melhor forma de estimular a economia de uma cidade é livrá-la dos obstáculos arquitetônicos, governamentais e econômicos que impedem as pessoas de levarem seus empreendimentos pessoais e coletivos adiante.
Jacobs inicia seu estudo urbano no nível do quarteirão, utilizando seu pedaço da rua Hudson como laboratório. Com uma visão aguçada e muito bom senso, ela descreve como um quarteirão bem sucedido atrai usuários diversificados, não só residentes, mas comerciantes e visitantes de outras áreas da cidade, que acabam por cuidar uns dos outros. Quando funciona, um quarteirão de sucesso é o cenário para o intricado balé no qual os dançarinos têm papéis diferentes que reforçam milagrosamente uns aos outros, e compõem o todo. O balé de uma boa calçada nunca se repete e está sempre repleto de improvisações. Num bom quarteirão, as ruas devem ser curtas, com calçadas amplas, com prédios novos e antigos, e ter uma variedade de negócios que atraia uma diversidade de residentes e comerciantes.

As ideias contidas em Morte e Vida de Grandes Cidades são tão sensatas, em sua promoção da diversidade e da tolerância, que é fácil esquecer que, enquanto as habitações sociais de Moses eram socialmente problemáticas, também o eram os cortiços que elas substituíam. Por mais de um século, de 1840 a 1950, ondas de imigrantes vindos de toda parte do mundo desembarcaram nos bairros mais pobres de Nova Iorque. Esses imigrantes se dispunham a conviver com a criminalidade e a infestação de ratos porque, por piores que fossem essas condições, eram mais promissoras do que em seus países de origem e porque sabiam que seus filhos e netos poderiam deixar os guetos e se tornar parte da classe média americana. Isto aconteceu década após década, expandindo a base produtiva do país – até que, no final dos anos 1950, os empregos começaram a diminuir.

Em Morte e Vida, Jacobs não aborda os dínamos econômicos que engrandeceram Nova Iorque e cuja falência quase mergulhou a cidade na bancarrota. Se pararmos na leitura de Morte e Vida, poderíamos concluir que, enquanto Jacobs era uma planejadora visionária, ela pouco entendia de economia urbana. Talvez ela mesma tenha pensado isso, porque ela parece ter passado os anos seguintes estudando o assunto. Esse estudo prolongado resultou em dois livros, Economy of Cities (1969) e Cities and the Wealth of Nations (1984). É neles que Jacobs discute como grandes cidades como Nova Iorque podem renascer.



A história da reviravolta de Nova Iorque é sobretudo econômica. Depois de décadas de estagnação causada pelo declínio da indústria local, a cidade embarcou na onda da globalização, que demandava capital nas finanças, na mídia e no design de produtos de alta tecnologia. A ascensão dessas indústrias gerou uma economia de serviços efervescente, que absorveu novas ondas de imigrantes, e a cidade se tornou de novo um colosso mundial.

Mas por que uma cidade como Nova Iorque se recuperou quando uma cidade como Detroit, que tinha uma base industrial mais sólida, entrou em decadência? Para Jacobs, a resposta está na capacidade dos habitantes de uma cidade para inovar. As cidades crescem, segundo ela, por um processo que chama de substituição da importação. Isso ocorre quando comerciantes locais produzem, eles mesmos, os bens e serviços que costumavam importar. E então usam as habilidades obtidas com essa produção local para criar novos produtos, que podem exportar. Detroit, ela argumenta, começou como um porto de distribuição de farinha pelos Grandes Lagos. Logo, os fabricantes locais começaram a construir seus próprios barcos e ficaram tão bons nisso que começaram a fabricar navios. Isso não só trouxe dinheiro para os cofres locais, como foi a base da cultura de fabricação de motores, apropriada por Henry Ford quando ali fundou sua fábrica de automóveis.

A indústria automobilística, no entanto, foi tão bem sucedida que, com a maior inovação de Ford, a linha de montagem, passou a dominar Detroit de forma tão absoluta que não havia mercado local para mais inovações. E, como Jacobs aponta, foi só uma questão de tempo para que outras cidades (neste caso, no Japão) incrementassem as ideias de Ford e passassem a produzir carros melhores e mais baratos. The Economy of Cities previa o dilema que Detroit enfrenta hoje, de uma indústria automotiva moribunda, ultrapassada pelos competidores estrangeiros, que teve de ser resgatada pelo contribuinte americano para evitar o colapso.

Como Detroit, Nova Iorque começou como uma cidade portuária, mas seu principal subproduto foi um setor bancário robusto, que sobreviveu ao colapso da indústria na cidade. Mesmo quando Nova Iorque pediu ajuda financeira do governo em meados dos anos 1970, jovens empreendedores, muitos deles filhos e netos de imigrantes que um século antes viviam nos guetos, foram inventando novas maneiras de ter e financiar grandes empresas. Sim, os banqueiros não são flor que se cheire e recentemente o setor bancário precisou de uma ajuda financeira do governo maior que a indústria automobilística. Mas, queira-se ou não, Nova Iorque é hoje a grande cidade mais segura da América, com uma economia e uma diversidade cultural relevantes. Em grande parte porque soube reinventar suas atividades produtivas a partir de mecanismos de crédito diversos.

Diversidade e adaptação, com certeza, são as respostas para a sobrevivência e o posterior desenvolvimento das cidades.

Morte e Vida de Grandes Cidades é uma leitura envolvente e surpreendente pela perspicácia da autora, Jane Jacobs (1916-2006), em observar e descrever com precisão toma a "trama" administrativa e política envolvida no desenvolvimento das cidades.



São 499 páginas de idéias explícitas e implícitas expostas de maneira envolvente.


sexta-feira, 31 de julho de 2015

A Olimpíada 2016 é pra quem?

A China gastou US$ 40 bilhões para sediar os Jogos Olímpicos de Verão de 2008 em Pequim e a Rússia gastou US$ 50 bilhões para os Jogos de Inverno de 2014 em Sochi. 

O Brasil gastou cerca de R$ 28 bilhões (números não oficiais) com a Copa do Mundo de 2014. E agora caminhamos para a Olimpíada de 2016 no Rio de Janeiro, com gastos absurdos e atitudes negligentes. Qual o retorno disso? Quais os ganhos econômicos?
A experiência bem sucedida de Barcelona se repetirá? Teremos, efetivamente, um legado?
Essas questões são tema do livro "Circus Maximus" do economista Andrew Zimbalist, que expõe a vaidade, os excessos e os resultados desses eventos esportivos de forma transparente. Uma leitura, realmente, reveladora.

E o que acontece hoje no Rio? 
Temos centenas de desapropriações, alguns moradores que permaneceram na Vila Autódromo, convivem com escombros e com as máquinas que, de um lado fazem obras no Parque Olímpico e do outro destroem as casas.
Não sei onde ficaram os direitos dos moradores de permanecer em suas casas, sendo obrigados a receber indenizações que não pagam pela mudança de uma vida, em detrimento de um espetáculo de luxo, cujas instalações estão condenadas ao mau uso ou a elitização, ocasionando a gentrificação dos poucos moradores que resistirem às obras.
As vantagens do evento são irrisórias diante da realidade, afinal, quais as vantagens reais? A geração de empregos na construção civil ou de empregos temporários durante o evento?
A construção civil poderia gerar o mesmo número de empregos utilizando verbas menores na edificação de comunidades inteiras, com habitações populares de qualidade e ainda preservando a Mata Atlântica que foi cruelmente devastada pelas obras "faraônicas".

A Lei Federal nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006 – Lei da Mata Atlântica, regula a conservação, a proteção, a regeneração e a utilização da Mata Atlântica, e o Decreto nº 6.660, de 21 de novembro de 2008, detalha “o que”, “como” e “onde” pode haver intervenção ou uso sustentável da vegetação nativa. 

Para quem serve a lei? 
Obra em Elevado do Joá (foto) vai derrubar 69 mil m² de mata à beira do Oceano Atlântico
Imagem: Júlio César Guimarães/UOL
Projeto viário necessário para a Olimpíada de 2016: a duplicação do Elevado do Joá, derruba 69 mil m² de Mata Atlântica a beira mar.


A exemplo do que ocorreu na Copa do Mundo 2014, onde tivemos apenas um legado imaginário e perdemos também a autoestima, minhas expectativas para a Olimpíada são de muitas contas a pagar, as manchetes dos principais jornais internacionais durante o evento e vergonha, muita vergonha.


Imagem conceitual do Estádio do Maracanã para os Jogos Olímpicos de 2016. (Foto: Divulgação Rio 2016 )



sexta-feira, 14 de junho de 2013

Urbanismo Real

Favelas e loteamentos clandestinos em São Paulo

Questões com a temática da expansão do tecido urbano por loteamentos clandestinos, irregulares e por invasões de terras é recorrente entre os urbanistas. 

Uma das principais características da dinâmica sócio territorial nas metrópoles é o conflito na ocupação e uso do solo urbano. A precariedade do habitat urbano, demonstrada também pelos loteamentos irregulares, espacializa uma das expressões desse conflito. Um maior conhecimento desse fenômeno urbano pode conduzir a políticas mais eficazes de uso do solo, com impacto positivo na diminuição da pobreza e possíveis repercussões no aumento de produtividade da economia.

É bastante usual a confusão entre conceitos jurídico e urbanisticamente distintos tais como: loteamentos clandestinos, favelas e loteamentos irregulares. Consideram-se clandestinos aqueles que não obtiveram nenhuma aprovação por parte do poder público municipal. 

Já as favelas são fruto de invasão, coletiva ou gradual. Atualmente, em muitas favelas existe comercialização da terra. Nas invasões programadas, não raro a terra invadida é parcelada. Embora a resultante física seja similar, como o processo inicial das favelas foi de invasão, não se pode confundir com loteamento clandestino. 

O loteamento clandestino não raro é fruto da ação de um loteador inescrupuloso, pois seus lotes não são invadidos, e sim comercializados e este caso merece especial atenção, pois na história dos loteamentos clandestinos a história mostra que eles têm sido tolerados e depois anistiados, sem cobrar dos loteadores a infraestrutura que devem ao município e aos moradores. Obras são executadas pelo poder público, que acabam beneficiando o loteador, permitindo a valorização dos lotes remanescentes, mas até que que consigam essas benfeitorias os moradores percorrem um longo e penoso caminho emaranhados na legislação e na burocracia dos municípios. Sem dúvida, uma política urbanística eficiente deve impedir que esse processo continue, garantindo que a produção da cidade se faça de forma adequada.

Em tempos onde o foco se tornou a preservação do meio ambiente e as questões pertinentes a sustentabilidade, problemas surgidos antes da década de 40 ainda fazem parte da rotina de parcelamento do solo e mostram a ineficiência administrativa para solução, ou pelo menos, diminuição do problema.

Em 1981, a Prefeitura do Município de São Paulo, levantou processos relativos a 3.567 loteamentos irregulares e clandestinos, cuja superfície total correspondia a 23% do município;

Atualmente, os números são de 3.142 loteamentos, sendo 19% da área do município, de acordo com a Prefeitura do Município de São Paulo, através dos dados divulgados pela Secretaria de Habitação. Além de 1.087 cortiços espalhados pela capital paulista com condições precárias de habitabilidade. 

O processo de regularização dos loteamentos é moroso, e continuará "naufragando" diante da impossibilidade de contenção do problema, evitando que novas áreas sejam invadidas e novos loteamentos ilegais criados, por ineficiência na fiscalização, pelo alto deficit habitacional e, principalmente, pelo modelo socioeconômico existente, distribuição de renda e o preço da terra.

A urbanização de favelas e loteamentos é uma solução viável, que busca melhorias em todos os aspectos, proporcionando qualidade de vida, condições de salubridade, preservação do meio ambiente e a incorporação do espaço à cidade, um urbanismo real.

Para ler a respeito:

Um século de favela
 Alba Zalua e Marcos Alvito
Cidade ilegal
de Márcio Valença


Fonte de pesquisa:

LOTEAMENTOS IRREGULARES NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO: UMA AVALIAÇÃO ESPACIAL URBANÍSTICA por Suzano Pasternak - arquiteta, mestre e doutora em Saúde Pública.
Secretaria de Habitação do Município de São Paulo em http://www.habisp.inf.br





segunda-feira, 10 de junho de 2013

VIDROS E PÁSSAROS NA ARQUITETURA

O vidro ocupa um lugar de destaque na arquitetura contemporânea devido uma série de fatores.
As intempéries naturais como a chuva, maresia e ventanias, além da poeira, por si só já justificam a existência desse produto tão atual e necessário. Questões como iluminação natural, conforto termo acústico, a integração do ambiente interno com o exterior da edificação e a beleza, também são importantes na definição de um projeto e da utilização dos fechamentos de vidro.

No entanto, algumas questões devem ser consideradas na elaboração do projeto, para evitar inconvenientes, pois, quanto mais envidraçadas as fachadas, maior a incidência de luz e calor solar no interior das edificações. Caso os raios solares não sejam barrados, certamente o edifício será um grande consumidor da energia que aciona o sistema de ar condicionado, além de gerar desconforto ambiental aos seus usuários.

Um grande problema que também deve ser considerado na elaboração do projeto, é a questão dos pássaros que colidem com as vidraças, fato que ocorre não somente nas zonas rurais, mas também nas áreas urbanas, de todo o mundo. Não adianta nos preocuparmos com questões como economia de energia elétrica, iluminação natural e sustentabilidade, se não pensarmos no meio ambiente como um conjunto de fatores a serem preservados.

Só nos Estados Unidos, estima-se que até 1 bilhão de aves morre a cada ano, em decorrência de colisões com vidros.
Desde o ano passado (2012), está em fase de análise um projeto cujas diretrizes impõem um novo olhar sobre o problema da fauna e tornará obrigatória a questão para os projetos candidatos ao LEED de construção sustentável.

Os pássaros não conseguem distinguir painéis de vidro transparente ou reflexivo, então é importante considerar, durante a fase de projeto, que os fechamentos de vidro possuam guarnições, molduras ou segmentos que funcionem como uma barreira visual, evitando assim a morte dos pássaros. Adesivos, persianas ou até mesmo floreiras podem ajudar a evitar os acidentes.


Em algumas cidades do Brasil, o IBAMA observa de perto a questão e exige a colocação de sinalizadores nas áreas envidraçadas, mas nada oficial consta ainda na legislação das cidades, cabendo então aos profissionais de arquitetura a consciência ao elaborar projetos, visando a perfeita conjunção do ambiente construído com a natureza em toda sua totalidade.



Algumas dicas:

- Evite vidros translúcidos ou espelhados, estes últimos refletem a paisagem de fora confundindo os pássaros;
- Dê preferencia aos vidros pigmentados, coloridos ou escurecidos, pois possibilitam que os pássaros os vejam claramente;
- No caso de vidros planos e incolores, pode-se utilizar o Insulfilme ou outros revestimentos que eliminam reflexões;
- Fitas sinalizadoras (como as usadas nas portas de vidro para evitar que pessoas se machuquem) 
- Faixas de vidro jateado também contribuem como sinalizadores;
- Adesivos com formas de aves de rapina;
- Na janelas utilize as telas, cortinas persianas;
- Mudança na angulação da fixação do vidro;
- Não deixar visíveis coisas que atraiam pássaros como: comida, água, plantas, etc;
- Evitar que os condomínios troquem as grades por muros de vidro. Caso seja inevitável, observe as opções acima.


Fonte de pesquisa:

Veja também:

terça-feira, 7 de maio de 2013

Escadas muito além da função

As escadas são classificadas como elementos cuja finalidade é ligar locais com diferenças de níveis, tendo então a utilidade de servir a uma função.
Elas podem ser construídas com diversos tipos de materiais e formas, tornando-se um elemento muito além da função de vencer desníveis e se transformarem num elemento escultórico que agrega personalidade ao projeto arquitetônico e também de ambientação.

As escadas são compostas por degraus. Cada degrau é composto pelo piso (ou passo, ou, ainda, pisada), a parte plana onde pisamos, e pelo espelho, a parte vertical. As escadas chamadas de vazadas não possuem a parte do espelho, dessa forma, é possível ver através delas, no entanto a altura considerada entre o degraus, mesmo vazados ainda é chamada de espelho.

A importância de se entender o que é piso e o que é espelho está no fato de que as escadas devem ser calculadas na fase do projeto de qualquer construção e, para isso, devemos dividir a diferença de nível entre os andares que a escada ligará pela altura do espelho. O resultado da conta é o número de degraus que a escada terá.

Para construção das escadas deve-se seguir legislação e normas, para que seja possível construir uma escada segura e confortável, no que diz respeito a altura dos espelhos (distância entre um degrau e outro), comprimento do degrau em relação a pisada e também a largura em relação a sua área de circulação. 

Largura – uma escada com menos de 0,80 m pode ser muito estreita e de difícil circulação; a partir de 0,90 m as escadas se tornam confortáveis e a partir de 1,20 m de largura torna possível a circulação de duas pessoas ao mesmo tempo.

Patamares – os patamares são os momentos em que o ritmo dos degraus é interrompido. Isso geralmente acontece quando há uma mudança de direção, como nas escadas em “L”, ou em forma de “U”. Nestes casos, recomenda-se que o patamar tenha pelo menos a mesma largura da escada para não prejudicar a passada. Os patamares podem surgir ainda como forma de descanso em escadas muito longas. Nesse caso, o cálculo deve prever a medida de um número inteiro de passos no patamar para que a escada seja, de fato, confortável. Em determinados locais proíbe-se a construção de escadas com mais de 17 degraus sem um patamar intermediário.

Altura do espelho – uma altura confortável para o espelho é de cerca de 10% da altura das pessoas, ou seja, entre 16,5 cm e 18 cm em média.

Comprimento do piso: Não deve ser inferior a 0,25 m para que os nossos pés caibam confortavelmente e o ideal é que fique entre 0,27 m e 0,30 m.
Fórmula infalível

Existe uma fórmula bastante útil para calcularmos as escadas:

2 x Espelho + Pisada = 0,64 m ou 0,65 m

Como exemplo, temos uma escada ideal com espelho de 0,18 m e pisada de 0,28 m. Assim: 2 x 18 + 28 = 64.

Esta fórmula está ligada ao tamanho médio de um passo das pessoas. Admitem-se variações dessas medidas, mesmo porque as pessoas não têm o mesmo tamanho, mas quanto mais distante dessa fórmula ideal, maior é a probabilidade das pessoas muito altas ou muito baixas se sentirem desconfortáveis.

Todos os degraus de uma escada devem estar equidistantes uns dos outros, ou seja, os espelhos devem ter sempre a mesma altura sob pena de se tropeçar ao subir ou ao descer. Nosso cérebro se acostuma com a altura dos primeiros degraus e se programa para os próximos. É por isso que conseguimos subir ou descer uma escada no escuro sem tropeçarmos.

Devemos ainda lembrar que uma questão importante ao falarmos de escadas é a segurança. Escadas com pisos muito estreitos, com degraus de alturas variáveis ou com revestimentos escorregadios podem provocar acidentes. Outro fator importante é o uso de guarda-corpos e corrimãos. Apesar de poderem ser prescindidos em casos específicos, auxiliam bastante no equilíbrio e aumentam a segurança.









 









domingo, 5 de maio de 2013

O Urbanismo e o Clima



As mudanças climáticas têm consequências diferenciadas em nosso planeta. Produz secas e diversos problemas, em sua maior parte, afetando a produção de alimentos e outras graves consequências que atingem os países mais pobres e as camadas mais pobres. 

É importante compreender que todas as questões relacionadas com a ocupação do solo urbano, também se inter-relacionam com fatores climáticos em grande escala, numa perspectiva dinâmica aplicada ao ordenamento urbano. 
Algumas questões devem ser consideradas para elaboração de projetos urbanísticos e arquitetônicos, visando atender questões de sustentabilidade, e principalmente, buscando o retrocesso dos efeitos climáticos da melhor forma possível. A análise da densidade de ocupação urbana do solo, a morfologia urbana, o estudo do topo clima, o balanço energético da atmosfera urbana, o campo térmico urbano e a “ilha de calor”, a topografia, o vento e a circulação de ar, a influência urbana no bioclima humano, o conforto bioclimático, a qualidade do ar, cartografia topo climática, a vegetação e a água, contrastes termo higrométricos espaciais, entre outras questões. 

É fato que o planeta está se aquecendo por causa do acúmulo de gases poluentes na atmosfera, como o gás carbônico e o metano, derivados da atividade humana e que propostas de drenagem e arborização, são importantes, mas não respondem a outras dimensões da problemática. Seriam necessárias medidas mais complexas, pois ainda existiriam as grandes interferências do concreto e do asfalto existente nas cidades e a utilização destes materiais, em substituição ao meio natural, provoca inevitavelmente o aumento da temperatura das cidades. Este fenômeno, denominado “ilha de calor”, representa anomalia térmica que torna as metrópoles mais quentes que as regiões vizinhas, sejam áreas não antropizadas ou áreas rurais. 

Qualquer que seja a cidade, não importa em que país, é local onde o homem transformou o ambiente natural. Esta transformação é negativamente impactante em função da inevitável eliminação de cobertura vegetal. 

Nos países menos desenvolvidos, a produção de lixo e a pouca estrutura relacionada a equipamentos de saneamento básico resultam em poluição de corpos d´água pela emissão de dejetos e abertura aleatória de poços de água, em prejuízo aos cursos subterrâneos, além do consumo de água inadequada à saúde. 

Nestes mesmos países, por dificuldade em solucionar a questão do transporte público, a cada dia mais veículos individuais circulam pelas vias, demandando o alargamento das existentes e a abertura de novas, além de mais e mais estacionamentos públicos. 

As consequências das implantações de cidades são profundas, sobretudo sobre o meio ambiente natural. Mas permanece a tendência em permitir o adensamento dos núcleos urbanos em proporções intensas. 

A questão que se coloca é a necessidade de solucionar o grave problema da intensificação do clima urbano, além dos outros problemas decorrentes das grandes aglomerações, separando a abstração da realidade sufocante. 

No Distrito federal existe um decreto, de número 14783, publicado em 1993, que tombou como patrimônio ecológico várias espécies arbóreo-arbustivas. Este instrumento legal estabelece, além do tombamento destas espécies previamente definidas, que o corte, a erradicação, o transplante e a poda de espécies de qualquer natureza, em zona urbana ou de extensão urbana, em área pública ou mesmo privada, requerem a autorização da Administração Regional competente, ouvida a NOVACAP, órgão responsável pela manutenção dos espaços verdes do Distrito Federal. 

Consta também, deste decreto, que a erradicação de árvores é estritamente vinculada ao seu estado fitossanitário, possibilidade iminente de queda, interferência com redes aéreas ou subterrâneas, ocorrência comprovada de malefícios causados à saúde e riscos às edificações. 

Além disso, exige que as normas urbanísticas de qualquer área, referentes à aprovação de parcelamentos urbanos, constem de exigências sobre a manutenção de espécies de porte superior a 2,50m ou com circunferência superior a 20m. 

Ao lado destas exigências, muitas normas urbanísticas requerem área de permeabilidade interna aos lotes. Contudo, a materialização destas áreas não é claramente especificada por estas legislações. Logo, soluções alternativas são sempre buscadas pelos proprietários, como forma de escapar do ajardinamento e do plantio de árvores. Em alguns casos, a Carta de Habite-se tem sua emissão bloqueada pela vistoria fiscalizadora do imóvel, quando verificada a impermeabilização destas áreas incluídas no projeto arquitetônico aprovado ou visado. Evidentemente, sob o protesto do proprietário. 

Lamentavelmente, as áreas de permeabilidade previstas em legislação têm objetivo muito mais associado ao escoamento de águas pluviais – fator, igualmente, de extrema importância – do que à meta tão necessária de atenuar o desconforto ambiental causado pelas construções urbanas. 

Neste sentido, muitas normas permitem que a área de permeabilidade seja substituída por sistema de captação e armazenamento de águas pluviais, para posterior utilização específica na edificação, afastada a possibilidade de consumo humano e outras condições que exijam que a água seja potável. 

Ao mesmo tempo, os planos diretores excluíram as áreas de permeabilidade de quase todos os lotes residenciais unifamiliares, na medida em que ampliou a área total das unidades imobiliárias onde a permeabilidade deve ser exigida. Em consequência, os lotes de uso residencial unifamiliar, por suas dimensões sempre inferiores aos lotes destinados a outros usos, se ausentaram desta obrigação, mesmo sendo maioria em qualquer núcleo urbano. 

Por sua vez, os projetos arquitetônicos de uso residencial unifamiliar refletem a intenção de utilizar a totalidade do lote. Seja qual for a motivação, ocupar todo o espaço disponível é ocorrência comum. Nestes projetos, sequer um pequeno jardim é proposto. 

O resultado tem sido a contínua impermeabilização do solo em vasta área urbana, com a supressão, inclusive, de elementos vegetais pré-existentes, que sequer constam do projeto arquitetônico como forma de driblar o que chamam de “burocracia para arrancar uma árvore”. 

Muito comuns são as ocorrências em que moradores exigem do Poder Público a retirada de árvores em área pública, que lhes são vizinhas, sob argumentos variados, entre eles a existência de animais silvestres que lhes causam incômodo. Mas o espaço urbano usurpou o meio ambiente natural e, é claro, os animais podem permanecer. Nós ocupamos a área deles, e não o contrário. Se vissem os tamanduás, onças e cobras que circulavam pelo Plano Piloto em 1960! 

O gráfico abaixo, feito pelo projeto Berkeley Earth Surface, mostra a evolução das temperaturas médias na cidade de São Paulo desde 1850. 

A linha preta é a média anual. Observando o sobe e desce dela, dá para ver como um ano pode ser diferente do outro. A linha preta permite enxergar melhor a tendência de longo prazo. Ela mostra a média de temperatura dos dez últimos anos em cada período. Ela corta os anos fora do padrão e exibe com clareza a tendência de aquecimento na cidade.

A média de temperatura, que oscilava abaixo dos 19 graus, agora fica na faixa dos 20 graus. Não é pouca coisa. Basta lembrar que apenas 5 graus em média nos separam das temperaturas de hoje e o auge da última era glacial, há 50 mil anos. 

O aquecimento de São Paulo é em parte atribuído à própria urbanização. Na medida em que a densa Mata Atlântica foi substituída por cimento, asfalto e aço, o clima local foi ficando mais próximo de um deserto. 

Cabe ao Poder Público investir numa legislação mais pertinente as questões do meio ambiente e uma forma mais eficaz de fiscalização, mas principalmente, são necessários arquitetos e urbanistas mais conscientes e com disposição para enfrentar o mercado imobiliário em prol da qualidade de vida. 

Fontes: 
Texto original por Aldo Arantes, Diretor Presidente do Instituto de Pesquisas e Defesa do Meio Ambiente (INMA)  em http://www.inma.org.br

sábado, 4 de maio de 2013

Ambientação - Quarto do bebê



Nenhum acontecimento na vida de uma mulher se compara a felicidade de ser mãe, e decorar o quarto desse novo ser, já tão amado, é um dos grandes prazeres que podemos desfrutar durante a gestação.



Algumas questões devem sempre ser observadas para que, além da beleza, o quarto do bebê possua o conforto e segurança necessários.

- Jamais posicione o berço diante de portas e janelas, evitando assim corrente ar;
- A iluminação deve ser nas paredes, para ampliar o ambiente e, principalmente, para que a luz não incomode o bebê;
- Tire partido da iluminação natural;
- As cores devem ser claras e no máximo 3 cores diferentes para não "poluir" o ambiente;
- Prateleiras nas áreas próximas ao berço devem ser evitadas, pois além de acumularem poeira podem causar acidentes;
- O piso ideal é de madeira, taco ou vinil. Os pisos frios devem ser evitados e também os carpetes;
- Não é adequado colocar iluminação acima do toucador, ela pode ser lateral, como Spot móvel ou abajur;
- Na decoração do berço utilize apenas tecidos 100% algodão e evite almofadas;
- Utilize adornos do tipo móbile pois estimulam os sentidos do bebê;
- Abuse dos detalhes, mas evite colorir demais o espaço ("menos é mais").






Simples e sofisticado


Detalhes que fazem a diferença
 

Abuse das cores branco e creme