quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Plantas Exóticas X Biodiversidade




Passando pela Avenida Paulista e observando as iluminadas árvores artificiais, lembrei que há alguns anos participei de uma iniciativa da Sociedade Bandeirante de Orquídeas para implantação de algumas espécies de orquídeas no Parque Siqueira Campos, mais conhecido como Parque Trianon, na Avenida Paulista. 

Parque Trianon
O parque abriga exemplares magníficos de cedro, pau ferro, canjerana, embaúba, cambuci, jatobá, entre outras espécies representantes da Mata Atlântica em plena metrópole, abrigando a fauna como uma ilha verde sobrevivente do desenvolvimento da urbe.

Hoje as orquídeas já florescem, o parque abriga inúmeras espécies da fauna, principalmente a silvestre e é um dos poucos lugares dessa região que possui condições para a reprodução de aves como periquito, pica pau, João de barro, sabiá laranjeira entre outras inúmeras aves.

Jequitibá branco


São Paulo perdeu quase toda a cobertura vegetal nos últimos 100 anos e a vegetação plantada entre as avenidas e prédios cada vez menos condiz com a biodiversidade original. 

Sem a consideração que todas as formas de vida e o equilíbrio existente entre elas foram resultado de milhões de anos de evolução, as plantas estrangeiras ocupam cada vez mais espaço, e a maior parte das plantas existentes atualmente nos jardins, paisagismo e lojas é a chamada exótica, que não ocorre naturalmente e ocupa o lugar das espécies nativas prejudicando a biodiversidade. 

Cambuci
O problema cresce, pois as aves, o vento e outros agentes espalham as sementes das plantas exóticas, transformado fragmentos de Mata Atlântica e cerrado ainda existentes em São Paulo em áreas onde a maior parte da vegetação espontânea é das plantas introduzidas pelo homem originárias de outros países, acarretando extinção de plantas nativas e animais. 

Para não comprometer a pouca biodiversidade original existente e tentar consertar mais um crime do ser humano contra a natureza, a solução seria retirar de forma definitiva as espécies invasoras, conforme Portaria da Secretaria do Verde e Meio Ambiente do Município de São Paulo, criada em 2010, no entanto, o que vemos hoje em São Paulo anda na contramão dessa Portaria, pois a remoção das espécies exóticas que teve início pelo Parque Trianon perdeu o sentido, e porque não dizer a luta, depois da absurda implantação do novo paisagismo nos canteiros centrais da Avenida Paulista. 
Em tempos onde a sustentabilidade e a ecologia são foco de grandes eventos mundiais, a administração pública e os profissionais da área parecem não compreender a pratica do paisagismo sustentável do ponto de vista ecológico, com elementos de nossa flora original; assim como parece incompreensível que a biodiversidade engloba muitas formas de vida e que é parte de nosso patrimônio histórico e cultural. 
O Município de São Paulo é um pequeno exemplo dos problemas causados pelas plantas exóticas, fato que ele existe em todas as regiões do país numa escala muito mais avassaladora, caminhando rumo a Caatinga, a Mata Atlântica e nossas áreas de proteção ambiental.


Glória César Cabo

domingo, 18 de novembro de 2012

São Paulo escondeu seus rios para que os carros pudessem passar



São Paulo escondeu seus rios para que os carros pudessem passar

Quem mora em São Paulo já deve ter visto, principalmente durante o verão, ruas e avenidas alagando e provocando enchentes em regiões específicas da cidade. A cada chuva um pouco mais forte, a cidade entra em estado de atenção, causando transtornos e prejuízos incalculáveis.
Há muitos motivos pelos quais a natureza reage dessa forma e um deles está bem embaixo dos nossos pés: são os rios, córregos e riachos canalizados sob o asfalto, que sofreram com a urbanização desenfreada, ocupação indevida e impermeabilização do solo, para dar lugar principalmente a ruas e avenidas.
Durante o processo de desenvolvimento, os rios que cortavam as cidades passaram de áreas super valorizadas e grandes aliados para serem vistos como obstáculos ao crescimento – já que o processo "rodoviarista", do qual somos vítimas, precisava de cada vez mais espaço para justificar sua existência e manutenção.


Sepultamos 4 mil km de riachos e córregos

As áreas fluviais, perfeitas para atravessar a cidade a pé ou de bicicleta devido à sua topografia praticamente plana, foram transformadas nas pistas das famosas Marginais Pinheiros e Tietê (que têm esse nome justamente por seguirem às margens desses rios), além de avenidas como a Nove de Julho (construída sobre o córrego Saracura) e a 23 de Maio (sobre o Itororó).
Segundo o arquiteto e urbanista Alexandre Delijaicov, da FAU/USP, um dos grandes responsáveis pela mudança de paradigma que transformou São Paulo veio da gestão do prefeito Prestes Maia, que governou de 1938 a 1945, e eliminou 4 mil quilômetros de riachos, córregos e suas margens – essas consideradas ótimas opções de lazer em metrópoles como Paris e Londres.
Delijaicov é hoje o responsável pelo projeto de criação de um Anel Hidroviário em São Paulo de 600 km de extensão, conectando os rios Tietê, Pinheiros e Tamanduateí e as represas Billings, Guarapiranga e Taiaçupeba.
“O projeto não é uma fantasia. É economicamente viável. Mas depende uma política de estado”, diz o urbanista. Saiba mais no site do projeto “Metrópole Fluvial”
Beco do Grafitti (ou Beco do Batman), na Vila Madalena, em São Paulo. Em dias de chuva muito forte, o rio reaparece em seu curso original. Imagem: Reprodução

Pela recuperação dos nossos rios

Um movimento de reconhecimento e valorização dessas áreas começa a ganhar força em São Paulo. No início de novembro, por exemplo, aconteceu na Vila Madalena o manifesto “Existe Rio em SP“, onde diversos coletivos, grupos, empresas e pessoas promoveram um grande encontro com dezenas de atividades, propondo o despertar da consciência sobre a importância dos nossos rios, dos espaços públicos e comparando a cidade que temos com a que queremos.

O Rio Verde submerso na Rua Medeiros de Albuquerque.
Imagem: Rios e Ruas
Marco inicial escolhido para simbolizar a nascente do Rio Verde - Foto Cristina Morales/ Divulgação Rios e Ruas


O coletivo Rios e Ruas foi o responsável pela expedição feita a pé e de bicicleta, que percorreu o traçado do Rio Verde. Hoje canalizado, o rio nasce na estação do Metrô e entra na Vila Madalena, percorrendo um trajeto que passa pelos dois Becos do Graffiti. Veja fotos.

Entre as reivindicações do Movimento Existe Rio Em SP está o pedido de construção/instalação de um parque ao longo do Rio Verde. ”A proposta do Parque Linear Rio Verde se deu a partir do Termo de Compensação de Impacto Ambiental oriundo do Consórcio Via Amarela. A criação de um parque ao longo do Rio, na Vila Madalena, objetiva resolver o problema das enchentes e preservar o caráter cultural pelo qual o bairro se tornou famoso”, diz o manifesto.


Vendo a cidade com outros olhos

Outro caso interessante é a ciclovia que beira o Rio Pinheiros. Mesmo com poucos acessos e algumas críticas, pedalar por ela tem se mostrado uma ótima oportunidade para ver (e sentir) de perto o que décadas e décadas de descaso fizeram com a nossa biodiversidade. Sair das bolhas de isolamento que a sociedade nos coloca permite perceber e lembrar que somos todos responsáveis pelos rumos que a cidade toma.

“A população paulistana, há décadas, tem sido levada a acreditar que os rios da cidade são inimigos do cidadão, pois trazem mau cheiro, doenças, inundações, impedem a ocupação e prejudicam o fluxo do trânsito. Tal crença tem justificado o progressivo soterramento de uma fabulosa malha hidrográfica que se revela no verão – época das chuvas – quando centenas de córregos e riachos voltam a correr sobre as ruas da cidade”, diz o site do coletivo.

Entre Rios

O documentário a seguir mostra um pouco de como aconteceu toda essa transformação em São Paulo, trazendo um relato histórico sobre o desenvolvimento "rodoviarista" que modificou tão profundamente a vida e os costumes dos paulistanos. ”Entre Rios” foi produzido pelo coletivo Santa Madeira e é um daqueles registros fenomenais que vale a pena rever sempre.



Fonte de Informação: vadebike.org por Aline Cavalcante
Projeto Rios e Ruas

sábado, 29 de setembro de 2012

4 X SUSTENTABILIDADE


SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL, CULTURAL, SOCIAL E ECONÔMICA



É fato que a crise ambiental é uma consequência e se torna primordial entender como chegamos a ela para buscar soluções. 

A crise econômica e social nos levaram a crise ambiental. A Globalização e o capitalismo das sociedades transformaram o mundo num modelo anglo-saxão de terra progressiva e sociedade. Os comportamentos importados não só foram quebrando estruturas sociais e culturais, mas também as relações entre os próprios indivíduos. 

A Europa e agora a Ásia copiaram o modelo anglo-saxão eliminando sua identidade cultural, aumentando assim o impacto ambiental causado pelas transformações dos usos desses novos modelos, resultando numa maior aplicação de recursos e consequentemente numa maior produção de resíduos.
É preciso entender que a solução para o problema ambiental envolve não apenas o meio ambiente, mas especialmente, as questões sociais, culturais e políticas econômicas que levem em conta o capital natural como o principal valor para o futuro. 

Portanto, a expansão do conceito de sustentabilidade ambiental para o desenvolvimento econômico, social e cultural. 



A SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA deve promover a preservação e o fortalecimento da democracia, a evolução dos governos provincianos e maior autonomia na gestão dos recursos, aquela que promove o uso inteligente dos recursos naturais, não apenas com o propósito de salvar, mas também com o entendimento que o valor da intervenção é muito maior do que o seu preço. Fato, que infelizmente, não é sempre assim. 

É necessária uma gestão inteligente de recursos, entre meios e fins, e bom senso que pode ser aplicado de maneiras bastante simples como: construir em locais que fazem consumo racional possível e em equilíbrio com o ambiente natural e cultural. 


A SUSTENTABILIDADE CULTURAL deve promover a valorização das peculiaridades culturais de cada povo, além de respeitar igualmente suas diferenças e costumes. É aquela que entende que o novo não pode ser construído em nada, mas enraizada no âmbito cultural que o abriga. A história, as formas de fazer, costumes, festas, crenças, mitos, etc., 


Determinar uma identidade que não pode ser evitada no desenvolvimento do tecido urbano, pois construir sobre o que você aprendeu é apenas a eficiência da primeira estratégia. A importação do modelo anglo-saxão de províncias europeias desconstrói o tecido urbano mais sustentável, substituindo os modelos de território mais compacto, com modelos mais espalhados, onde o consumo de recursos é infinitamente maior.

Compreendendo a importância deste contexto cultural, propõe cenários para que o indivíduo se identifica tanto individualmente como coletivamente e promove a liberdade de expressão individual em público e da sociedade como um todo através da cultura. E estes, claro, são necessários para a saúde mental de nossas cidades. Sendo assim, é necessário reforçar a compreensão da identidade cultural como um dos pilares para gerar o desenvolvimento sustentável. 

A SUSTENTABILIDADE SOCIAL é aquela que busca promover relações entre os indivíduos e o uso coletivo do comum. Compreende lugares como extensão coletiva do espaço doméstico e da cidade como um lar para todos, onde o espaço público e privado são pensados não só juntos, mas, acima de tudo, da mesma forma. 


O mundo de hoje gera individualidade e aumenta o consumo de recursos, ao passo que o aumento das relações entre os indivíduos tem um impacto direto sobre o meio ambiente, minimizando o consumo de recursos. O coletivo é sempre mais verde, onde se fazem necessários espaços de convívio e uma mudança de hábitos.

Portanto para que a preservação e recuperação do meio ambiente se torne possível, é necessário maior respeito humano entre os diferentes tipos de pessoas. A conservação do solo, a manutenção dos ecossistemas, a inclusão social, através da exclusão da miséria e a diminuição da pobreza. E que essa mudança se torne real!


Fonte de Imagens: www.atitudessustentaveis.com.br
Fonte de Pesquisa: La Sustentabilidad/http://tilz.tearfund.org

sábado, 15 de setembro de 2012

Mais verde

Um edifício verde pode representar um enorme potencial para economia de energia e é fundamental para o desenvolvimento sustentável das cidades. A automação de edifícios e o gerenciamento da iluminação como parte de um edifício verde reduzem o consumo de energia sem prejudicar o conforto dos usuários.
Com uma filosofia totalmente diferente das construções comuns, os edifícios verdes representam uma "nova ordem" e procuram valorizar as características sócio-ambientais desses empreendimentos e caminham no sentido da sustentabilidade. 
Várias soluções fazem parte do arsenal de medidas que já estão sendo implementadas para aplicação dessa nova filosofia, e as plantas, a vegetação em si, é um dos componentes de maior importância.
São necessárias adequações quanto à criação e manutenção dos espaços verdes, em relação a custos de investimento, para que esses projetos se tornem possíveis dentro da realidade de cada espaço urbano.


















A Torre Flor, é um excelente exemplo de inserção do "verde" no concreto, de forma bastante simples. Localizado em Paris e projetado pelo arquiteto francês Edouard François, é um oásis verde em meio aos edifícios de concreto. Foi realizado utilizando 380 vasos de concreto, que foram incorporados ao guarda corpo das varandas do edifício, evitando assim seu deslocamento. Projeto de 1999.
 

O arquiteto Stefano Boeri é responsável pela concepção de duas enormes torres, que possuem nas fachadas inúmeros balcões escalonados. Cada compartimento permite acomodar de plantas ornamentais a árvores de tamanhos razoavelmente grandes, que deverão ser resistentes ao vento. Por andar, existe pelo menos um balcão que funciona como terraço para ser utilizado por quem o habita.





O edifício Concorcio em Santiago no Chile é um complexo de escritórios  ambientalmente amigável. Ele utiliza até 48% menos energia com climatização de ar, utilizando uma cobertura de plantas nas paredes exteriores, além da beleza que transforma em vermelho no outono. 






























As famosas criações verticais verdes de Patrick Blanc, encarregado das paredes no Musée du Quai Branly, em Paris. As paredes estão completamente cobertas plantas, desde a calçada até o telhado.Blanc utiliza um sistema que consiste de um andaime de metal e poliamida ligado a uma chapa de PVC expandido de 10mm de espessura, complementado por um sistema de irrigação por gotejamento na parte superior da parede. Essa "parede verde" possui 15.000 plantas de 150 espécies diferentes.


Projeto de arquitetura corporativa para um prédio de apartamentos, em Boston, transforma paredes vazias em exuberantes jardins. 



Patrick Blanc e mais um lindo projeto na parede exterior Caixa Forum Museum, em Madrid. Mais de 15 mil plantas de mais de 250 espécies que cobrem toda a lateral do edifício histórico, construído em 1899. Plantas dispostas de tal maneira a formar um desenho de pintura, com as cores, texturas e formas criando a sensação de movimento.

Para a marca Louis Vuitton, foi criado projeto de jardim vertical, evitando que o edifício antigo passasse por uma grande reforma. O arquiteto Gregory Polleta e Jang Sung. O projeto, "Topiade", usa módulos com plantas naturais que podem ser alteradas em uma base regular, formando inúmeros visuais.





A biblioteca infantil San Vincent Del Raspeig, no leste da Espanha, ganhou um novo jardim vertical. A estrutura fica entre a biblioteca e um edifício residencial vizinho. O projeto possui seis andares e foi desenvolvido pelo arquiteto José Maria Chofre.

Projeto do arquiteto Emilio Ambasz em Fukuoka, no Japão. O verde na arquitetura é uma das constantes em seus projetos.