Passando pela Avenida Paulista e observando as iluminadas árvores artificiais, lembrei que há alguns anos participei de uma
iniciativa da Sociedade Bandeirante de Orquídeas para implantação de algumas espécies de orquídeas
no Parque Siqueira Campos, mais conhecido como Parque Trianon, na Avenida
Paulista.
Parque Trianon |
O parque abriga exemplares magníficos de cedro, pau ferro, canjerana, embaúba, cambuci, jatobá, entre outras espécies representantes da Mata Atlântica em plena metrópole, abrigando a fauna como uma ilha verde sobrevivente do desenvolvimento da urbe.
Hoje as orquídeas já florescem, o parque abriga inúmeras espécies da fauna, principalmente a silvestre e é um dos poucos lugares dessa região que possui condições para a reprodução de aves como periquito, pica pau, João de barro, sabiá laranjeira entre outras inúmeras aves.
Jequitibá branco |
São Paulo perdeu quase toda a cobertura vegetal nos últimos 100 anos e a vegetação plantada entre as avenidas e prédios cada vez menos condiz com a biodiversidade original.
Sem a consideração que todas as formas de vida e o equilíbrio existente entre elas foram resultado de milhões de anos de evolução, as plantas estrangeiras ocupam cada vez mais espaço, e a maior parte das plantas existentes atualmente nos jardins, paisagismo e lojas é a chamada exótica, que não ocorre naturalmente e ocupa o lugar das espécies nativas prejudicando a biodiversidade.
Cambuci |
O problema cresce, pois as aves, o vento e outros agentes espalham as sementes das plantas exóticas, transformado fragmentos de Mata Atlântica e cerrado ainda existentes em São Paulo em áreas onde a maior parte da vegetação espontânea é das plantas introduzidas pelo homem originárias de outros países, acarretando extinção de plantas nativas e animais.
Para não comprometer a pouca biodiversidade original existente e tentar consertar mais um crime do ser humano contra a natureza, a solução seria retirar de forma definitiva as espécies invasoras, conforme Portaria da Secretaria do Verde e Meio Ambiente do Município de São Paulo, criada em 2010, no entanto, o que vemos hoje em São Paulo anda na contramão dessa Portaria, pois a remoção das espécies exóticas que teve início pelo Parque Trianon perdeu o sentido, e porque não dizer a luta, depois da absurda implantação do novo paisagismo nos canteiros centrais da Avenida Paulista.
Em tempos onde a sustentabilidade e a ecologia são foco de grandes eventos mundiais, a administração pública e os profissionais da área parecem não compreender a pratica do paisagismo sustentável do ponto de vista ecológico, com elementos de nossa flora original; assim como parece incompreensível que a biodiversidade engloba muitas formas de vida e que é parte de nosso patrimônio histórico e cultural.
O Município de São Paulo é um pequeno exemplo dos problemas causados pelas plantas exóticas, fato que ele existe em todas as regiões do país numa escala muito mais avassaladora, caminhando rumo a Caatinga, a Mata Atlântica e nossas áreas de proteção ambiental.
Glória César Cabo