quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Cidades Sustentáveis


O tema “cidades sustentáveis” faz parte das nossas vidas, assim como todos os problemas relacionados à água, esgoto, lixo, energia, telecomunicações, educação, saúde, problemas sociais, e porque não dizer a Copa do Mundo de 2014, que segue de forma antagônica a nossa realidade. 

As metrópoles são o grande desafio estratégico do planeta neste momento. Se elas adoecem, o planeta fica insustentável. No entanto, a experiência internacional – de Barcelona a Vancouver, de Nova York a Bogotá, para citar algumas das cidades mais verdes – mostra que as metrópoles se reinventam. Refazem-se. Existem diversos indicadores comparativos e rankings das cidades mais verdes do planeta. Fora dos países ricos, Bogotá e Curitiba colocam-se na linha de frente como cases a serem replicados. 

Em julho de 2012, o US Green Building Council, organização mundial sem fins lucrativos, elegeu o Brasil como o quarto país na lista de países que investem em construções sustentáveis. O ranking é liderado pelos Estados Unidos. Em seguida, aparecem China e Emirados Árabes. Já temos 52 certificadas e 474 “em busca do selo”, por gastarem 30% menos de energia, 50% menos de água (com reutilização), reduzirem e reciclarem resíduos, além de só utilizarem madeira certificada e empregarem aquecedores solares. 

Em entrevista para a Revista Eco 21, o professor da USP, João Sette Whitaker Ferreira, arquiteto urbanista, economista e doutor em Estruturas Ambientais Urbanas, afirmou que “As cidades também morrem”, ressaltando que, enquanto há 50 anos se alardeava que “São Paulo não pode parar”, hoje se afirma que a cidade “não pode morrer” – mas tudo se faz para a “morte anunciada”, ao mesmo tempo em que o modelo se reproduz pelo País todo. Abrem-se na capital paulista mais pistas para 800 novos automóveis por dia, quem depende de coletivos gasta quatro horas diárias nos deslocamentos, os bairros desfiguram-se, shoppings e condomínios fechados avançam ocupando os poucos espaços ainda disponíveis, 4 milhões de pessoas moram em favelas na região metropolitana e um total de 55 milhões moram em condições precárias no território nacional.

Fato que este não é um problema somente do Brasil, mas estamos muito atrasados. Na Europa, 186 cidades proibiram o trânsito ou criaram áreas de restrição a veículos com alto teor de emissão, com destaque para a Alemanha, onde em um ano o nível de poluição do ar baixou 12%. Londres, Estocolmo, Roma, Amsterdam seguem no mesmo rumo, criando limite de 50 microgramas de material particulado por metro cúbico de ar, obedecendo à proposta da Organização Mundial de Saúde. No Brasil o limite é três vezes maior. 

Não existem limites para discussões relacionadas às áreas urbanas e seus problemas e um bom ponto de partida para entendimento deste complexo ciclo, pode se encontrado no livro “Cidades Sustentáveis, Cidades Inteligentes” (Bookman, 2012), escrito pelo professor Carlos Leite (USP, Universidade Presbiteriana Mackenzie) e a professora Juliana di Cesare Marques Awad. 

“A cidade sustentável é possível”, pode ser reinventada. Mas seria “ingênuo pensar que as inovações tecnológicas do século 21 propiciarão maior inclusão social e cidades mais democráticas, por si sós”. As cidades – que se tornaram “a maior pauta do planeta” – “terão de se reinventar”, buscando alternativas sustentáveis, pois respondem hoje, por dois terços do consumo de energia e 75% da geração de resíduos, além de contribuem decisivamente para o processo de esgotamento de recursos hídricos, com um consumo médio insustentável de 200 litros diários por habitante. “Cidades sustentáveis são cidades compactas”, dizem os autores, que estudaram vários casos, entre eles: Montreal, Barcelona e São Francisco. O livro discute vários caminhos, com intervenções possíveis para conquistar a reestruturação das cidades e propiciar a sustentabilidade urbana. 



Texto adaptado por Glória César Cabo
Fontes: O Estado de São Paulo - Jornalista Washington Novaes
Livro: Cidades Sustentáveis, Cidades Inteligentes - Desenvolvimento Sustentável Num Planeta Urbano, Autores: Carlos Leite de Souza; Juliana Di Cesare Marques Awad, Editora: Bookman, Porto Alegre

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